Você é um consumidor que está interessado em um projeto fotovoltaico, mas não tem ideia de como funciona todo esse processo?
Nesse artigo abordaremos um pouco sobre o que acontece por trás das câmeras e explicaremos alguns detalhes que é importante estar ciente antes de contratar uma empresa para a realização do projeto fotovoltaico.
Introdução
Em 2012 a ANEEL publicou a Resolução Normativa 482, que possibilitou às pessoas a auto-geração de energia elétrica, através da geração distribuída. Dessa forma, qualquer pessoa física ou jurídica tem a possibilidade de instalar micro ou mini geradores de energia elétrica em suas propriedades.
Além disso, a normativa também anunciou o sistema de compensação de energia elétrica. Assim, toda a energia excedente é injetada na rede da distribuidora local como um empréstimo.
Em 2015 foi publicada a resolução 685, que veio para complementar a anterior e abordou aspectos como as novas modalidades que estão relacionadas no sistema de compensação de energia.
Por exemplo: empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada, autoconsumo remoto, etc. Com isso, um número maior de consumidores teve acesso a nova tecnologia e isso ajudou a triplicar a quantidade de geradores instalados no Brasil.
Entre todos os micro e mini geradores o queridinho do momento é o sistema fotovoltaico, do qual você provavelmente já ouviu falar.
Nós já temos dois artigos falando um pouco do conceito e dos benefícios dela. Hoje abordaremos alguns detalhes do dimensionamento do sistema fotovoltaico On-Grid nos diferentes grupos tarifários.
Diferença entre grupo A para o grupo B
Já temos um artigo no blog sobre os diferentes grupos tarifários, mas nesse tópico vamos explicar rapidamente as diferenças entre os grupos A e B para que o melhor entendimento do artigo.
O grupo A é composto por unidades consumidoras que recebem energia em tensão igual ou superior a 2,3 kV (ou são atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária). Esse grupo possui um transformador próprio e tarifa binômia, ou seja, além do consumo (medido em kWh) eles também pagam pela demanda contratada (medida em kW).
Já o grupo B é caracterizado por unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3kV e com tarifa monômia, ou seja, pagam apenas pelo consumo.
Dimensionamento do grupo B
Para consumidores do grupo B que pretendem instalar um sistema fotovoltaico em sua residência/comércio é importante se atentar aos seguintes detalhes:
O consumidor ainda precisará pagar pela taxa mínima
A taxa mínima, também chamada de custo de disponibilidade, é o valor cobrado pela concessionária para disponibilizar a eletricidade para você. Ela leva em consideração todo os custos da infraestrutura elétrica e, como o próprio nome diz, é o valor mínimo que você deve pagar para a concessionária.
É regulado pela Resolução nº 414 de 2010 e apresenta valores diferentes para os três padrões de conexão: quando o padrão é monofásico, o consumidor paga uma taxa mínima equivalente a 30 kWh (quilowatts-hora); quando o padrão é bifásico, a taxa mínima é equivalente a 50 kWh; quando o padrão é trifásico, o custo de disponibilidade é equivalente a 100 kWh.
Informações necessárias para o dimensionamento correto
Para a empresa fazer o dimensionamento de um sistema fotovoltaico são necessárias algumas informações do consumidor:
- Consumo anual (em kWh) facilmente conseguido através das contas de luz;
- O local da instalação;
- Detalhes sobre o telhado, CASO o cliente deseje instalar no telhado da construção;
- Disjuntor geral, também analisado através das contas de energia, uma vez que a corrente do sistema fotovoltaico não pode passar da corrente do disjuntor. Caso isso aconteça o consumidor precisará solicitar um aumento de carga para a concessionária.
Detalhes do processo durante e após a instalação
A instalação de um sistema fotovoltaico exige um medidor bidirecional, que é um instrumento capaz de medir a energia elétrica que flui nos dois sentidos (entrada e saída). A ANEEL definiu que esse medidor deve ser instalado pela concessionária gratuitamente depois que é aprovado a instalação do gerador de energia solar conectado à rede.
Após a instalação, as contas de luz mostrarão os valores da energia usada e da injetada na rede. Dessa forma, o consumidor poderá fazer o controle de quanto o seu sistema está produzindo. Lembrando que toda a energia solar excedente (energia injetada) se transforma em créditos energéticos, que serão descontados dos valores de consumo.
Se quiser saber mais sobre créditos é só ler nosso artigo sobre micro e minigeração de energia.
Dimensionamento do grupo A
Demanda contratada x energia consumida
Primeiramente, a demanda contratada (kW) está relacionada a potência, ou seja, é o valor máximo que você exigiu da rede elétrica em um mesmo momento. Enquanto o consumo (kWh) equivale à quantidade de energia elétrica que realmente utilizou.
Podemos fazer uma analogia com um caminhão de carga para melhorar o entendimento: a demanda seria capacidade que a carreta consegue carregar e o consumo é a carga transportada durante uma viagem.
Se você quer saber mais sobre a diferença entre consumo de energia e demanda contratada leia nosso artigo sobre isso.
Postos tarifários
Outro conceito importante para compreender o dimensionamento fotovoltaico do grupo A é dos postos tarifários.
Os postos tarifários são diferentes períodos (horas) durante o dia, que são considerados para aplicação das tarifas de energia elétrica. Para esse artigo é importante saber sobre os horários de ponta e fora ponta.
Ponta: período em que ocorre o maior consumo de energia elétrica, portanto é o período em que a energia consumida é a mais cara. Os horários são determinados por cada distribuidora, para a Celesc é das 18h30 às 21h30.
Fora ponta: este horário é o que possui a taxação da energia elétrica mais baixa. Os horários são determinados por cada distribuidora, para a Celesc é das 22h30 às 17h30.
Como funciona o dimensionamento?
Agora que você já sabe o que é os postos tarifários e já compreendeu a diferença entre demanda contratada e consumo energético, podemos ir ao que interessa.
Consumidores do grupo A que tem interesse em instalar um sistema fotovoltaico devem se atentar aos seguintes detalhes:
- O limite de potência do sistema fotovoltaico é igual ao valor da demanda contratada em kW.
Portanto, a potência do sistema fotovoltaico nunca pode passar do valor da potência da demanda contratada.
Ok, após o dimensionamento fotovoltaico percebi que a potência do sistema deu maior que a demanda contratada. E agora?
Caso isso aconteça:
O consumidor deve solicitar o aumento da demanda contratada para a respectiva distribuidora.
Em muitos casos o aumento da demanda vem acompanhado da troca do transformador, famoso aumento de carga, e da reforma da cabine de força do cliente, o que gera custos adicionais ao projeto fotovoltaico
Dessa maneira, a instalação e a solicitação de acesso do sistema fotovoltaico só serão possíveis após essas mudanças. Geralmente, as concessionárias permitem que os processos de aumento de carga e de demanda contratada ocorram simultaneamente. Já a solicitação de acesso do sistema fotovoltaico, infelizmente, só é possível após a conclusão do aumento de demanda contratada.
- O consumidor sempre pagará pela demanda contratada
Mais um detalhe que é importante salientar, o consumidor não se livra 100% da conta de luz!!
Assim como os consumidores do grupo B possuem a taxa de disponibilidade, os consumidores do grupo A devem continuar pagando pela demanda contratada.
- A compensação da energia injetada deve ocorrer primeiramente no posto tarifário em que ocorreu a geração
Em outras palavras: se a energia foi produzida no horário de fora ponta, por exemplo, a compensação dos créditos deve ser prioritariamente feita com o valor da energia nesse horário.
Acontece que geralmente é no horário de fora ponta onde acontece a geração de energia (já que é durante o dia), dessa forma, a compensação da energia no horário de ponta é feita só depois da compensação total do horário fora ponta. Além disso, leva em consideração um fator de correção dado pelas tarifas de energia.
Premissas para o dimensionamento
Se depois de ler tudo isso você pensou “Nossa isso dá muito trabalho, não vale a pena!”, calma ai!
O sistema fotovoltaico para o grupo A realmente é bem mais complexo do que no grupo B e você precisa ter um determinado “perfil de carga” para conseguir instalar os painéis sem precisar aumentar a carga e a demanda contratada.
Porém, há grandes chances que você consiga abater 100% o consumo caso você tenha uma demanda muito alta e um baixo consumo.
Por exemplo: Fábricas de móveis – o consumo é relativamente baixo, porém em alguns momentos é necessário ligar tudo de uma vez, ou seja, a demanda deve ser alta. Dessa forma, um sistema fotovoltaico deve compensar tudo!
Eai, acha que sua indústria tem o perfil ideal para um sistema fotovoltaico? Você é do grupo B e tem interesse em pagar menos na conta de luz? Entre em contato com a C2E que fazemos o dimensionamento correto para você, sem custo nenhum!