Quando pensamos a respeito do futuro, geralmente imaginamos inovações que hoje são impossíveis e que não fazem sentido. Mas, se olharmos para um passado recente, questão de 20 anos atrás, muitas das invenções que já são ou estão prestes a tornarem-se parte do nosso cotidiano eram impensáveis. Por exemplo, para as pessoas que viviam nos anos 90 poder dirigir um carro movido a energia elétrica ou controlar os eletrodomésticos da sua casa com um aplicativo de celular.
No entanto, isto se tornou possível com a ascensão da era digital e do crescimento do setor tecnológico e, já no final do século XX com a Revolução Tecno-Científica a eletrônica ganhou muito espaço na indústria como um todo.
Seja para otimização e automação dos processos de uma linha de produção ou para o desenvolvimento de novas tecnologias, a necessidade de dominar o conhecimento científico emergente se tornou fundamental para manter a indústria dentro do padrão de desenvolvimento tecnológico da época.
Toda esta revolução de tecnologias que ocorreu no início da era digital nos possibilita traçar um paralelo muito importante entre o surgimento deste cenário e o desenvolvimento da geração e utilização da energia elétrica. Nesta 3° Revolução Industrial, assim como nas outras, transformou conceitos que já estavam estabelecidos na sociedade, influenciou na nossa maneira de ser, pensar e agir e, em particular, foi fundamental no aumento do consumo e da dependência da eletricidade. Como consequência deste processo, é nítida a percepção da necessidade da constante manutenção dos sistemas energéticos para poder suprir a demanda crescente.
Cabos de transmissão de energia
Analisando este contexto histórico e realizando este paralelo novamente na atualidade, podemos perceber que a situação não se apresenta muito diferente. A necessidade de desenvolver novas matrizes energéticas que sejam menos poluentes e mais eficientes vem sendo amplamente discutida no cenário global.
No entanto, podemos dizer que está ocorrendo também uma desconstrução da ideologia atual de geração de energia, ao passo que novas tecnologias continuam surgindo. Assim, podemos apresentar conceitos de geração de energia distribuída e smart-grids que vão além dos métodos tradicionais de produção. Além disso, podemos citar o mercado livre de energia que é um método alternativo para a comercialização de energia.
Dessa forma, a geração distribuída é um conceito de produção de energia que tende a se expandir bastante nos próximos anos. Isso ocorre, pois, esta nova medida rompe com a concepção da geração centralizada e introduz o próprio consumidor no ramo da produção. A ideia principal deste processo é fazer com que as unidades consumidoras se tornem autossuficientes gerando energia no local onde será consumida e se utilizando de fontes de energia sustentáveis.
Em decorrência disso, é importante ressaltarmos os benefícios deste processo como o fato da produção se tornar mais eficiente devido a redução das perdas por transmissão ou da redução significativa na demanda energética das concessionárias. Podemos citar também a viabilização da geração de energia sustentável, como por exemplo da energia solar fotovoltaica que pode ser facilmente integrada na estrutura urbana como no telhado de casas e terraços de prédios.
Energia alternativa fotovoltaica
Outro conceito que se associa bastante a este fenômeno da geração distribuída é o das chamadas Smart-Grids, ou redes inteligentes. Ela é caracterizada pela associação dos “prosumidores” (consumidores que produzem energia) com a concessionária de forma inteligente. Geralmente, medidores especiais são instalados nas fontes de produção distribuída para poder controlar a quantidade energia produzida e utilizada do prosumidor, de forma a devolver para a rede o excesso não utilizado.
Toda esta movimentação do excedente possibilita ao consumidor adquirir um crédito de abatimento financeiro nas tarifas energéticas e permite à concessionária aumentar sua eficiência operacional, qualidade da energia distribuída e confiabilidade. Esta medida favorece também o governo pois o fato da geração distribuída estar relacionada a novas fontes de energias, além de promover a sustentabilidade, favorece também uma maior diversificação da matriz energética do país.
Desse modo, podemos observar que esta geração independente pode atingir padrões que vão além da autossuficiência, destinando-se à comercialização da energia produzida. Tal situação tem origem nas grandes unidades consumidoras que possuíam a necessidade de não depender apenas do ambiente de contratação regulado pelas concessionárias.
Assim, o desenvolvimento de um ambiente de contratação livre entre produtores e consumidores de energia se fazia necessário, desenvolvendo-se, desta forma, o mercado livre de energia.
Energia alternativa eólica
Como consequência deste processo, uma das mudanças mais significativas é a flexibilização para a contratação de energia, sendo possível negociar tanto a taxa como o período de duração do fornecimento, além de qual fonte será proveniente a energia contratada.
É possível observar também que este poder de escolha favorece uma maior competitividade entre os produtores no mercado, incentivando a busca por mais eficiência, desenvolvimento de novas tecnologias para produção de energia e consequentemente redução do seu custo.
Assim, através dos pontos apresentados no texto, podemos ressaltar que uma das principais tendências para o futuro da energia elétrica é a quebra da concepção de geração centralizada, dando lugar às smart-grids e ao comércio livre. Outro ponto muito importante, e que se relaciona como consequência deste processo é o de desenvolvimento de novas fontes de energia sustentáveis e mais eficientes, que tendem a substituir as matrizes energéticas atuais.