O Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo, de acordo com pesquisa do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) – INPE, sendo que 21% das fatalidades que envolvem o tema acontecem dentro de casa.
A descarga causada pelo raio provoca uma corrente elétrica de imensa intensidade e, caso atinja o condomínio, pode causar danos à sua estrutura (ruptura e centelhamento da estrutura) e causar a queima de equipamentos eletrônicos de uso comum e de uso pessoal dos moradores.
Por isso, existe o para-raios, ou Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), que tem o objetivo de oferecer um caminho alternativa (de baixa resistência) para a energia de uma descarga atmosférica (raio), dissipando essa energia no solo e garantindo a segurança das pessoas e equipamentos no local.
Devido aos riscos de não possuir esse sistema, ele é, por vezes, exigido pelo corpo de bombeiros e por seguradoras.
O que é um para-raios?
O para-raios é uma ferramenta destinada a dar proteção aos edifícios contra as descargas elétricas causadas pelos raios.
Explicando de forma simples, trata-se de uma haste metálica que atrai os raios para si e depois conduz a corrente elétrica até um aterramento. A todo esse sistema (haste, cabos condutores e aterramento) damos o nome de SPDA.
O para-raios serve para evitar perdas em 4 níveis, perda de vida humana (incluindo danos permanentes), perda de serviço ao público, perda de patrimônio cultural e perda de valor econômico.
Ter um SPDA em dia e de acordo com as normas, reduz consideravelmente o risco de qualquer uma dessas perdas.
Componentes do SPDA
Explorando melhor a constituição de um SPDA, vemos que ele é composto pelas seguintes partes:
Captores – são hastes metálicas, geralmente de cobre ou alumínio, que ficam no ponto mais alto do sistema e da edificação, com o objetivo de atrair os raios;
Malha captora – é um cabo que percorre todo o perímetro superior do edifício, distribuindo a energia da descarga atmosférica igualmente em todos os pontos do sistema, evitando rompimentos por sobrecarga;
Descidas – são cabos que se conectam à malha captora e “descem”, fazendo a conexão entre a parte superior da edificação e o solo;
Haste de aterramento – é uma haste que fica enterrada no solo, se conectando com as descidas, tem o objetivo de dissipar a energia do raio;
Malha ou anel de aterramento – é um cabo que conecta todas as hastes de aterramento, percorrendo todo o perímetro inferior do edifício. Ele garante que a energia será distribuída igualmente pelo solo, o que evita a tensão de passo, isto é, evita que uma pessoa receba um choque elétrica caso esteja caminhando pela área do local que recebeu uma descarga atmosférica.
Dispositivo de Proteção contra Surtos – o aterramento de uma edificação é centralizado para que haja equipotencialidade do sistema, ou seja, existe conexão entre o sistema de aterramento do SPDA e das instalações elétricas para controlar a tensão do sistema e reduzir o risco de choques elétricos.
Com isso, é necessário o uso do Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS). Esse dispositivo identifica quando há uma tensão acima do normal entrando na rede elétrica e direciona essa energia para o aterramento, oferecendo um nível adicional de proteção.
Tipos de Para-raios
No mercado, você encontrará uma variedade de modelos de para-raios, mas as duas principais diferenças entre os tipos de SPDA são o modelo de captação e a estrutura do sistema. Vejamos essas diferenças em ordem.
Modelo de Captação
Franklin: é uma haste posicionada, geralmente, no local mais alto do edifício, com 3 pontas metálicas. Da haste, devem sair 2 cabos que se ligam com a malha captora;
Melsens: são várias hastes, bem menores do que no sistema de Franklin (mini captores), posicionadas ao longo da malha captora;
Misto: hoje, um dos tipos mais comuns, ele junta os dois modelos, tendo um captor principal do tipo Franklin central e alguns mini captores nos pontos fora de alcance do captor principal.
Estrutura do Sistema:
Externa: nessa estrutura, a malha captora e o anel de aterramento são ligados por cabos externos, que passam do lado da estrutura da edificação.
Estrutural: nesse modelo, a malha captora se liga diretamente à estrutura interna do condomínio;
Qual tipo de para-raios devo instalar?
Em relação à estrutura do sistema, o SPDA do tipo estrutural é, geralmente, instalado na construção do edifício, sendo a fundação do condomínio preparada para receber essa descarga atmosférica. Mas, caso seu condomínio nunca tenha tido esse sistema, a opção mais viável é optar pelo SPDA com a estrutura externa;
O modelo de captação depende da área e da disposição da parte superior do condomínio. No entanto, o sistema misto consegue oferecer maior flexibilidade de instalação e consegue atender ao maior número de edificações sem problemas.
Quais edificações precisam de SPDA?
De acordo com a NBR 5419, há uma análise de risco que pode ser feita para entender a necessidade de um para-raios, sendo o risco de perda humana ou danos permanentes o menos tolerável na análise. Por isso, locais com grande movimentação de pessoas tendem a ter a obrigatoriedade desse sistema.
Além disso, a NR-10 (norma que comenta sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade), diz que os estabelecimentos com carga instalada superior a 75kW, devem possuir esse sistema, bem como a documentação de inspeção do mesmo.
Em geral, o SPDA e o Laudo que atesta sua eficácia também fazem parte do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios. Portanto, são exigidos pelo Corpo de Bombeiros, em condomínios, para que seja entregue o auto de vistoria.
Seguradoras também costumam exigir que o sistema esteja instalado com as vistorias e manutenções em dia e, caso algo não esteja de acordo, o seguro pode ser negado ao condomínio.
Quando, quais vistorias e manutenções devo realizar em meu SPDA?
O Corpo de Bombeiros exige que o sistema SPDA possua um laudo de resistividade e de continuidade. A resistividade atesta se o para-raios possui baixa resistência à passagem de energia, sendo o melhor caminho para a energia de uma descarga atmosférica, já a continuidade avalia se o sistema está com algum rompimento, ou se todas as partes estão conectadas e o caminho não está obstruído.
Esse laudo tem validade de 1 ano e deve ser refeito sempre que a validade do anterior estiver por acabar. Procure por um laudo que dê direcionamentos para o que fazer caso os testes não sejam positivos, dessa forma, você terá clareza de onde o problema se encontra e poderá resolvê-lo com agilidade.
Lembre que o Corpo de Bombeiros exige o laudo SPDA para condomínios residenciais e comerciais.
Caso você seja sindico de um condomínio comercial fique atento aos prazos para não perder o alvará de funcionamento. E, para você que é sindico de um condomínio residencial, aconselhamos que tenha um plano para a realização do laudo. Assim, você evita a intimação do Corpo de Bombeiros e a perda do seguro.
Conclusão
Você viu o quão importante é a presença de um para-raios em condomínios e edifícios, dada a capacidade dele de proteger vidas e evitar a queima de equipamentos.
Se você percebeu que no seu condomínio não há a existência do SPDA ou se está incerto quanto as condições do mesmo, entre em contato com a C2E pelo e-mail consultoriac2e@gmail.com ou pelo telefone (48) 9 9929-1750.